Este projecto insere-se no Programa de Modernização dos Equipamentos de Ensino Secundário, promovido pela Parque Escolar,E.P.E. O edifício da E. S. Alves Martins, antigo Liceu de Viseu, foi projectado pelo Arq.º José Costa e Silva, tendo sido inaugurado em abril de 1948.

Na sua volumetria original, a E.S. Alves Martins estava estruturada por dois grandes blocos de salas de aula, posicionados simetricamente, articulados por um corpo central que incorpora, a tardoz, uma arcada, onde funcionava o espaço de recreio coberto. Através de uma galeria, e a partir do átrio principal, estes dois grandes blocos dispostos em forma de U (que correspondiam às alas feminina e masculina),  articulam-se com um grande volume ocupado pelo Ginásio e, no piso inferior,  auditório e o refeitório/cozinha.

A linguagem arquitectónica está em conformidade com os códigos da época, representativa das ideias do Estado Novo. Contudo, é na qualidade da construção que este conjunto se evidencia, apresentando o edifício robustez, remates e forros de qualidade, tendo chegado aos dias de hoje em estado de conservação bastante satisfatório. A prudência na intervenção permitiu manter a alma do edificado bem como as suas características formais, proporcionando uma pacífica reconversão com a consequente adequação às exigências funcionais dos novos tempos, salvaguardando a sua imagem, a sua relação com a paisagem e com o espaço público.

A reestruturação funcional da Escola partiu da ideia de criação de um núcleo central, ou de se concentrarem as valências espaciais de maior intensidade de utilização colectiva, funcionando como interface entre os dois grandes blocos de ensino e articulando-se com os espaços desportivos e recreativos.A existência de novas valências programáticas exigiu incremento de áreas de construção. Em consequência foram criados dois novos volumes, simétricos, colocados nos extremos do núcleo central, cujas fachadas envidraçadas foram enriquecidas com serigrafias de Pedro Calapez. Para além destes, a expansão estende-se no piso -1, perceptível apenas pelos pátios escavados que transportam luz natural às salas deste piso inferior.

Assim, o núcleo central é formado, no piso 0, pelo átrio/recepção, a partir do qual se organizam os núcleos de gestão e administração do complexo escolar, bem como as áreas administrativas. Nas restantes áreas deste piso, distribuem-se espaços educativos e o ginásio/auditório. No piso superior, o núcleo central é totalmente ocupado pela biblioteca, reservando-se os restantes espaços para os espaços de ensino. O piso -1 está estruturado a partir dos acessos verticais e da estrutura da arcaria, compreendendo as áreas sociais para alunos, área de trabalho para professores, sala polivalente e espaços educativos.No volume do “ginásio”, este piso é totalmente dedicado a refeitório / cozinha. No piso -2, a proposta introduz uma área de acesso às instalações desportivas. Alcançado o nível inferior, criou-se um corredor de acesso a um átrio que irá servir a infraestrutura desportiva. O pavilhão desportivo foi alvo de uma acção de beneficiação, dotado de novos vestiários/balneários, espaços de trabalho e arrumos e uma área de circulação exterior.

Os espaços exteriores foram igualmente alvo de projecto cuidado, reabilitando-se as estruturas desportivas, arranjo de pavimentos, organizando-se circuitos e percursos, bem como áreas de recreio coberto e áreas de estadia. Particular importância se deu à definição de espécies a plantar nos vastos canteiros propostos, por forma a reduzir o nível de manutenção ao mínimo necessário.